Capoeiristas Formosas se apresentam na Feirinha da Pajuçara

Ação é uma iniciativa do Serviço de Convivência do Cras Pitanguinha, em alusão ao Dia da Consciência Negra

O grupo Capoeiristas Formosas do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos do Centro de Referência da Assistência Social, Cras Pitanguinha, participou de uma roda de capoeira na manhã desta quinta-feira (11), sob a comando do mestre Besourão.

A iniciativa aproxima a capoeira da perspectiva sócio inclusiva com idosos e faz parte das ações em alusão ao Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro. Na oportunidade, as participantes que fazem parte do grupo de idosas, chamaram a atenção sobre o combate ao racismo estrutural, ao jogar capoeira e dançar maculelê.

Mestre Besourão trabalha há oito anos no Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos do Cras Pitanguinha. Formado em educação física, com pós-graduação em metodologia do ensino da capoeira, ele explicou a importância de realizar a atividade num espaço público, frequentado por visitantes e pela população local, dando visibilidade ao trabalho desenvolvido com as participantes.

“Sabemos que as políticas afirmativas para os idosos ainda é implementada de forma escassa no nosso país. Por outro lado, vemos nos olhos de nossas usuárias, a necessidade de conquistar a própria autonomia, a autoconfiança e valorização como pessoa, coisa que muitas delas não encontram dentro de casa. Mostramos que a capoeira é uma expressão cultural. É necessário que a sociedade veja e desmistifique o racismo que ainda está presente no nosso convívio”, alerta o mestre.

Mestre Besourão conta que a capoeira era vista, no próprio grupo, de forma estereotipada e preconceituosa. Com as práticas adotadas pelas participantes do Serviço de Convivência, a visão foi transformada, e hoje, é vista como expressão sociocultural, capaz de transformar o convívio, tendo o respeito e acolhida como elementos primordiais para a vivência em comunidade.

“Com o tempo, elas perceberam que os principais objetivos da arte consistem em resgatar a ancestralidade e a identidade cultural de povos que tanto lutaram e lutam por respeito. A luta em função da consciência negra é diária e agradecemos, de coração, as oportunidades oferecidas por meio da Prefeitura de Maceió e da Secretaria de Assistência Social em abraçar a causa”, destaca o capoeirista.

Rosenete Januário, 61 anos, participa do grupo de capoeira há mais três anos. Ela explica a importância de voltar a participar das atividades presenciais do Serviço de Convivência, para melhorar a qualidade de vida, no período da pandemia e se emocionou ao lembrar das companheiras que se foram por conta da Covid-19.

“Voltar a encontrar o professor e minhas colegas da capoeira não tem preço, porque aqui me sinto abraçada. Todos se ajudam e somos tratadas de igual para igual. As meninas vestem a camisa com amor e é por isso que somos tão unidas. Infelizmente chegamos a perder três de nossas integrantes (Lídia, Fátima e Marli) durante essa pandemia e é por elas que nos apresentamos, sempre fazendo uma homenagem como forma de agradecimento por momentos compartilhados”, lembra Rosenete.

A empresária Francisca Gonçalves, de 57 anos, mora em Teodoro Sampaio, interior de São Paulo e conta que em sua primeira vinda a Maceió foi muito acolhida. Ela diz que admira muito ao ver o quanto os maceioenses valorizam a cultura local. Admirada com a iniciativa, a paulistana acompanhou a apresentação da roda de capoeira.

“Nunca tinha visto um grupo de idosas praticando capoeira. Temos Centros de Referência de Assistência Social em nosso município, mas essa experiência foi única, tanto que me fez parar para acompanhar a ação. Normalmente essas pessoas praticam a arte do crochê ou bordado. Achei extremamente importante essa questão de inclusão dos idosos em um momento de lazer e promoção da saúde”, afirma Francisca.

O capoeirista Leonardo Miranda, 18 anos, turista de Minas Novas, interior de Minas Gerais, fez questão de cumprimentar todas as participantes e agradecer pelo empenho delas e do mestre em valorizar a capoeira, ao levá-la para ser apresentada num espaço público da cidade.

“Fiquei fascinado e extremamente empolgado. Nossa cultura da capoeira, infelizmente, está perdendo forças e presenciar uma ação tão dinâmica com idosas foi realmente maravilhoso. Em Minas Gerais, não vemos isso e com toda a certeza irei compartilhar o que presenciei aqui para que futuramente seja possível ver essa iniciativa disseminada por outros estados”, ressalta Leonardo.

Pela primeira vez, a capoeirista Lêda Lopes, 64 anos, se apresentou para o público na roda de capoeira. Ela frequenta o Serviço de Convivência há duas semanas e conta como foi a experiência. “Durante a pandemia me senti muito sozinha e quando busquei me integrar ao grupo de capoeira do Cras me senti muito acolhida. Amo o sentimento de valorização que tenho, ao estar com elas, e mais ainda a promoção de vida mais saudável e dinâmica que esses eventos nos proporcionam”, enfatiza.

O serviço de Convivência do Cras Pitanguinha põe em prática a vivência intergeracional, que consiste no convívio de idosos com pessoas de outras idades. É o caso de Muriliana Silva de Sá, 38 anos, que foi recebida com entusiasmo pelas participantes.

“É importante que as pessoas vejam que somos capazes de qualquer coisa independente da idade. Quando estamos juntas somos ensinadas a ter mais práticas saudáveis, além de nos divertirmos com o incentivo da educação física. Nosso grupo é muito unido e abraçamos todas as idades”, revela Muriliana.

Serra da Barriga

No Dia da Consciência Negra, o Cras Pitanguinha promoverá o terceiro passeio temático à Serra da Barriga, no município de União dos Palmares. Foi lá, que no século XVI, o herói negro Zumbi, lutou pela liberdade ao construir o Quilombo dos Palmares, símbolo de resistência e luta contra o racismo. No dia 20 de novembro, as capoeiristas formosas vão se apresentar ao público, no local que é reconhecido como o berço da liberdade.

3º Passeio Temático à Serra da Barriga.

Iara Alencar (estagiária) / Ascom Semas

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